Desde 1893, como inspetor sanitário, percorreu o interior do estado, tomando conhecimento das precárias condições de saúde em que vivia a população. Afastou-se do serviço público, estabelecendo-se como clínico em Botucatu, quando, em contato com acidentes, iniciou as primeiras experiências com serpentes peçonhentas.
Em 1896, a convite de Adolfo Lutz, iniciou suas pesquisas no Instituto Bacteriológico. Em 1898 participou da identificação do surto epidêmico de peste bubônica em Santos, e passou a preparar o soro contra esta doença na Fazenda Butantan (local onde se originou a Instituto). Médico clínico no interior de São Paulo, percebeu a necessidade de combater os sintomas de envenenamento por animais peçonhentos. Nesta época, ocorriam quase 3.000 acidentes por ano no Estado de São Paulo.
A Fazenda dispunha de um laboratório improvisado, uma cocheira adaptada para enfermaria, um alpendre para sangria de cavalos imunizados e um pavilhão para acondicionamento e distribuição de soros. Nesse ambiente prosseguiram os seus estudos e primeiros trabalhos técnicos até 23 de fevereiro de 1901, quando o Presidente do Estado, Rodrigues Alves deu organização oficial ao Instituto Butantan, que recebeu inicialmente o nome de Instituto Serumtherápico. Neste mesmo ano foram entregues as primeiras partidas de soros antipestosos e antipeçonhentos.
Todo este pioneiro e importante trabalho cientifico foi reconhecido pela primeira vez na comunidade cientifica durante a 5º Congresso de Medicina e Cirurgia, no Rio de Janeiro. Vital Brazil demonstrou neste congresso que a única arma contra a envenenamento ofídico era o anti-veneno especifico (o soro obtido a partir do veneno do animal que causa o acidente neutraliza a ação desse veneno).
Muitos trabalhos científicos passaram a ser desenvolvidos por Vital Brazil e técnicos do Instituto Butantan. Estes estudos com animais peçonhentos levaram à publicação do livro "Defesa contra a Ofidismo", em 1911, reeditado mais tarde em francês.
O Instituto Butantan ganhava prestígio e importância nestes anos, e sua ampliação era emergente. Inaugurou-se então, em 1914, o chamado Prédio Central do Instituto, o primeiro a ser construído para instalar propriamente vários laboratórios. Hoje, o prédio abriga a Biblioteca, a Divisão Cultural do Instituto e os Laboratórios de Bioquímica e Farmacologia. Esta ampliação também atingiu a população, que precisava conhecer medidas de prevenção de acidentes peçonhentos, foi através de permuta com fornecedores de animais, com posterior troca de correspondência, que estas medidas começaram a ser divulgadas. Nos anos seguintes, o Butantan passou a estender as suas pesquisas sobre os problemas ligados à higiene e preparo de produtos para a defesa da saùde da população paulista e brasileira.
Estudou-se a difteria, tétano, gangrena, tifo, varíola (hoje erradicada), parasitoses, febre maculosa e lepra. Lemos Monteiro, destacado pesquisador desta fase do Instituto, e seu assistente, Edson Dias, foram infectados no laboratório quando preparavam a vacina contra a febre maculosa (tifo exantemático), vindo a falecer poucos dias depois.
Vital Brazil retirou-se da direção do Instituto em 1919, retornando em 1924. Neste ano, intensificou os trabalhos, no campo da Microbiologia, Imunologia, criou novos laboratórios e estabeleceu um intenso programa de informação ao público, organizando cursos de higiene para professores e exposição de painéis informativos. Desenvolveu novos estudos, e produziu, em alta escala, vacinas para a produção da febre tifóide, que atingiu São Paulo nesta época.
Os laboratórios de produção têm hoje uma capacidade instalada para a produzir 180 milhões de doses/ano de vacinas e 800 mil ampolas/ano de soros. O Butantan hoje desenvolve projetos para novos laboratórios de produção de soros e vacinas e outras substâncias para a saúde pública (eritropoetina, surfactante pulmonar, hemoderivados), modernizacâo de instalações, pesquisas biomédicas em novas áreas e ampliação das atividades de ensino e divulgação. Crescendo sempre em função das necessidades da população, o Butantan fornece atualmente cerca de 75% de todas as vacinas e 80% dos soros utilizadas no Brasil. O Hospital Vital Brazil, para atender vítimas de envenenamento por animais peçonhentos, começou a funcionar em 1945. Em 1948, como parte de uma homenagem a Vital Brazil, um novo prédio para laboratórios de pesquisa foi inaugurado no Instituto, dando inicio a mais uma fase de ampliação. Foram também construídos o heliporto, biotérios (onde são criados e mantidos animais para experimentos cientificos) e outros laboratórios.
Vital Brazil Mineiro da Campanha morreu em 8 de maio de 1950. Responsável por um trabalho pioneiro em medicina experimental, ajudou a construir o enorme patrimônio que o Instituto Butantan hoje representa para a Ciência do Brasil e do Mundo.
A Comissão de Educação e Cultura da Câmara Federal, no ano de 2007, aprovou o Projeto de Lei 1604/03, do deputado Elimar Máximo Damasceno [Prona-SP], que inclui o cientista Vital Brazil no Livro dos Heróis da Pátria. Outras informações sobre o Cientista Campanhense em:
Boa tarde!
ResponderExcluirSou professor de História da Ciência e pesquisador do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo.
Solicito autorização para utilizar a imagem de Vital Brazil que será incluída no livro Médicos e Heróis: desafios da medicina brasileira.
Antecipadamente agradeço!